França sugere missão europeia distante da linha de frente do conflito
Os Estados Unidos propuseram a inclusão de forças de paz de países não europeus, como Brasil e China, para atuar na Ucrânia após um eventual cessar-fogo. A iniciativa, que visa ampliar a legitimidade internacional da missão e fortalecer a estabilidade na região, enfrenta resistência significativa tanto de Moscou quanto de setores diplomáticos internacionais.
O vice-presidente dos EUA, JD Vance, destacou que um contingente exclusivamente europeu poderia ser menos eficaz para dissuadir a Rússia de novos ataques. Segundo ele, a presença de forças de países do BRICS na missão poderia aumentar a credibilidade do esforço de paz. No entanto, a proposta levanta questionamentos sobre a neutralidade dessas forças, considerando os laços diplomáticos e econômicos que Brasil e China mantêm com a Rússia.
BRICS e a neutralidade questionada
O BRICS, bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tem adotado uma posição de equilíbrio diante da guerra na Ucrânia, sem um alinhamento automático com o Ocidente. Enquanto a China se posiciona como um ator diplomático ativo, promovendo sua própria proposta de paz, o Brasil, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, já sugeriu que a Ucrânia poderia considerar a cessão da Crimeia como parte de um acordo de paz, algo que Kiev rejeita veementemente.
A possível presença de tropas brasileiras e chinesas em solo ucraniano poderia ser vista como um movimento controverso. A Rússia, principal aliada de alguns membros do BRICS, já se manifestou contra a introdução de tropas estrangeiras na Ucrânia, o que tornaria ainda mais difícil a implementação de qualquer missão de paz com participação de países do bloco.
Desafios para a proposta americana
Além da resistência russa, a aceitação de uma missão internacional composta por países fora da Europa dependeria de complexas negociações diplomáticas. A França, que já sugeriu uma missão europeia de apoio à Ucrânia, também poderia ver a proposta com reservas, uma vez que incluir forças de países não alinhados ao Ocidente pode comprometer a coesão da resposta europeia ao conflito.
Outro fator determinante é a posição da própria Ucrânia. O presidente Volodymyr Zelenskyy já afirmou que alguns países estão dispostos a enviar tropas ao território ucraniano se isso for parte de garantias de segurança. No entanto, ainda não há indicação clara de que Kiev aceitaria forças de paz do Brasil ou da China, especialmente diante das ambivalências diplomáticas do BRICS.
Cenário incerto para a paz na Ucrânia
A proposta dos EUA reflete uma tentativa de encontrar uma saída diplomática para o conflito, mas enfrenta desafios significativos. Para que uma missão de paz liderada por países do BRICS seja viável, seria necessário um esforço intenso para garantir a aceitação de todas as partes envolvidas e demonstrar a imparcialidade dessas forças no campo de atuação.
Enquanto isso, a guerra na Ucrânia segue sem um horizonte claro para um cessar-fogo. O papel de países do BRICS na construção da paz continua sendo uma questão aberta, em meio a um cenário de interesses geopolíticos conflitantes e disputas estratégicas de longo prazo.